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Paulo Goulart
entrevista paulo
Quais são os agentes funerários mais antigos da história ?
Fala-se muito que da Casa dos Mortos, no Egito Antigo. Os corpos dos falecidos eram deixados na porta deste recinto. O mais curioso é que as pessoas que cuidavam dos mortos moravam nesta casa. E elas não saíam de lá durante o dia. Existia uma repulsa muito grande com quem trabalhava com cadáver. Hoje, ainda é assim. Esses funcionários tinham um aspecto muito pálido, talvez porque não tomavam muito sol, não sei. Mas acho que esse pode ser um dos motivos para que o papa-defunto seja, no imaginário popular, um sujeito pálido.
O que faz um maquiador do serviço funenário ?
Nós tentamos recuperar a aparência do morto, deixá-lo com um aspecto semelhante de quando estava vivo. Por exemplo, se estiver muito pálido, fazemos uma coloração artificial para melhorar seu aspecto visual. São os próprios parentes que nos dão uma foto da pessoa para nós podermos fazer o trabalho. Ninguém gosta de ver uma pessoa querida morta, com uma aparência desagradável. Além disso, nós cuidamos para que no velório não aconteça nenhuma surpresa.
Como assim ?
Se o cadáver não for bem trabalhado, o velório pode ser mais traumático do que já é. O corpo tem de ser bem fechado para que o sangue não escape pelos orifícios, por exemplo. Por isso, o algodão no nariz. Quando morremos, uma série de reações químicas continuam ocorrendo em nosso organismo.
E o que vocês fazem quando rosto do morto está deformado ?
Existem várias técnicas, que variam conforme a condição do morto. Se o rosto do cadáver estiver muito amassado, por exemplo, nós retiramos o crânio dele e colocamos um de gesso no lugar. O ideal é que esse crânio de gesso seja moldado em familiares, mas geralmente eu uso minha assistente. Quando há escoriações ou perfurações, alguns pontinhos já resolvem. Às vezes, os olhos também acabam afundando com a morte. Nesse caso, eu faço uma solução de formol com água e injeto na pessoa para que eles voltem ao normal.
O que acontece se esse "tratamento" não for bem feito ?
Uma vez fui chamado às pressas em um velório. O corpo de uma mulher que pesava quase oitenta quilos quando viva estava com mais de cem quilos. O cadáver estava inchando, porque aquelas reações químicas estavam acontecendo, e os gases resultantes não tinham para onde sair. A mulher não tinha recebido um tratamento adequado. Não eram profissionais, colaram o algodão no nariz do cadáver com super bonder e silicone. Foi muito traumático para a família.
Foi difícil para você se acostumar com a morte ?
No começo, foi difícil. Teve momentos em que eu me colocava no lugar do morto. Imaginava o dia em que estaria ali, como seria, essas coisas. O espiritismo me ajudou a superar essas dificuldades. Com o passar do tempo e com persistência, acabei me acostumando. E é bom saber que eu faço um trabalho bom para as pessoas.
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