O Marlboro Adventure Team é um programa feito pela Philip Morris, cujo objetivo é levar pessoas comuns a praticar as atividades radicais, como aquelas expostas nas propagandas dos produtos que eles vendem, que preconizam a liberdade, a aventura, a superação de limites e o desconhecido. Dentre as atividades radicais praticadas, foram realizadas trilhas de jipe off-road, motocross, rappel (descida de montanhas e penhascos com ajuda de cordas), rafting (descida de rios com corredeiras), cavalgada, tirolesas (travessia de canyons e desfiladeiros com o uso de cordas) e trekking (passeios a pé em trilhas). O desafio teve como palco o deserto de Moab, em Utah (EUA) e está em sua terceira edição no Brasil.

O processo de seleção dos participantes que foram escolhidos para participar da aventura em Utah foi dividido em 3 etapas escritas, uma prática no Brasil e uma outra no México. Contou com 61 mil inscritos na primeira fase de seleção só no Brasil. Após as avaliações escritas dos perfis dos candidatos, a primeira seleção através de atividades práticas consistia em uma manhã de atividades outdoor numa casa próxima à represa de Guarapiranga, em São Paulo. Nesta, foi feita uma análise do comportamento dos candidatos, sua capacidade de trabalhar em grupo, de lidar com a tensão, com os riscos, bem como a capacidade de cada candidato de comandar e ser comandado. A última etapa, enfim, foi realizada no México, e consistia em uma prévia de tudo aquilo que faríamos no deserto de Utah, sendo onde fomos avaliados novamente por experts em cada uma das atividades que praticamos.

A infra-estrutura em torno das aventuras era muito grande. Havia 35 pessoas trabalhando para 14 se divertirem (éramos 6 brasileiros, 2 uruguaios, 2 tchecos e 4 suíços). Para cada atividade tínhamos instrutores preparados e com habilidades paramédicas, ou seja, os primeiro socorros, se necessários, estavam garantidos! Além disso, nós tínhamos sempre a companhia próxima de um grupo de médicos, que nos acompanhavam sempre, seja nas trilhas de moto, seja no deserto com os Jeeps, ou mesmo nas corredeiras do Rio Colorado. Onde estivéssemos, lá estavam os médicos! Havia ainda uma ciência da garantia da segurança em função dos materiais utilizados - sempre novinhos em folha! - e era muito pouco provável que algo acontecesse. Uma outra coisa importante e que garantia a segurança de todos nós, era que o grupo como um todo era muito consciente dos riscos que corríamos, então um sempre ajudava o outro, verificando equipamentos e zelando pela segurança um do outro. No entanto, algumas coisas independiam de todos estes esforços dispendidos, como um tombo de moto ou um bote de rafting virado. Nesses momentos, é que precisávamos administrar o nosso medo.

A infra-estrutura em torno das aventuras era muito grande. Havia 35 pessoas trabalhando Os desafios foram inúmeros! O primeiro deles foi ter superado outras 60 mil pessoas e ter me mostrado capaz de vencer os desafios do deserto. É muito interessante lidar com a superação, e lá nós precisávamos nos superar todo o tempo. Por exemplo, em uma das etapas de seleção, tivemos que montar uma barraca de olhos vendados! E detalhe: eu nunca tinha sequer montado uma barraca! Já no deserto, o maior desafio foram as trilhas de moto. Na verdade esta foi uma outra deliciosa superação, porque aos 19 anos sofri um acidente e disse que nunca mais voltaria a pilotar uma moto. Lá no deserto andávamos a 120, 140 km/h em uma trilha de areia e pedras onde o vento era forte e batia lateralmente. Além disso, quando menos esperávamos, entrava um aglomerado de pedras e, ao olhar para baixo, percebíamos por onde pilotávamos: à beira de precipícios de 40, 50 metros. Também não posso deixar de lado o medo que senti ao me pendurar em um penhasco de 90 metros, em um rappel que eu com certeza terei orgulho de contar para o meu filho.

Bom, uma coisa que atrapalhou bastante, especialmente os brasileiros, foi a diferença de temperatura que enfrentamos no deserto. Durante o dia, a temperatura atingia até 45°C e à noite caia para 5°C. Outra coisa curiosa foram os bichos que encontramos nos locais onde montávamos os acampamentos: lagartos, cobras, aranhas, coelhos, veados e até pudemos ver pegadas de urso e de leão da montanha.

A proposta deste tipo programa de atividades radicais é a integração total entre as pessoas participantes. Individualmente, você aprende a enxergar na prática suas limitações e aptidões, tanto físicas quanto emocionais. Coletivamente, reconhecemos que somos seres sociáveis, dependentes uns dos outros para que as coisas se realizem com êxito. Realizamos que o apoio mútuo é imprescindível para que um supra as deficiências do outro. Fica claro que o desempenho do grupo irá sempre depender disso, e em meio a tanta adrenalina, o objetivo maior é ter consciência dos riscos e capacidades e fazer de tudo para que os riscos e os erros sejam minimizá-los e as capacidades aproveitadas ao máximo. O ideal é transportarmos esta filosofia para todas as atividades de nossas vidas.