Eu acho que é amor mesmo, gosto muito do que faço. Acho que esse é o pulo do gato de qualquer negócio. Para ter sucesso, você não pode visar só ao lucro, tem que ter garra pela coisa, pelo negócio em si, tem que gostar mesmo. Não basta apenas acreditar que aquilo pode dar dinheiro. Tem que fazer com amor, esse chavão é válido.

Inclusive, o tempo muda isso. Conforme ele passa, uma coisa brega se torna chique e vice-versa. Depende de quem usa. Não gosto muito de taxar alguém de brega ou chique quando se fala em moda. Eu acho que você pode ser elegante ou não em atitudes, estas são menos atemporais.

Através da moda, a pessoa se manifesta contra uma ordem estabelecida. E isso sempre ocorre por meio da moda, porque você pensa uma série de coisas e acaba demonstrando muitas delas no modo de se vestir. Um exemplo disso era a maneira como as pessoas se vestiam no movimento hippie. Aquilo era um meio de protestar, elas queriam dizer muitas coisas com a roupa, o cabelo que usavam. Hoje, como a moda se padronizou um pouco, as pessoas deixaram de se manifestar dessa forma, mas veio o luxo para diferenciar. Sempre tem alguma coisa que diferencia as pessoas umas das outras no modo de se vestir, acredito que nunca será algo uniformizado.

Agora seriam as marcas. Por que você acha que nos últimos dez anos houve um boom das marcas de luxo? porque você mostra alguma coisa com a marca. Isso era algo que estava completamente em desuso e, de repente, voltou com muita força.

Você consegue definir claramente a moda dos anos 70, por exemplo. Basta pegar revistas da mesma época. Antigamente, as diferenças demoravam mais para acontecer. Do século XIX para o XX, as mudanças são bem mais discretas se comparadas às que ocorreram do século XX para o XXI. Hoje a moda é rápida.

Isso é como a história de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Não se sabe se a indústria têxtil se adapta ao que as pessoas estão pensando, querendo, ou se ela determina. Tudo é feito com muita antecedência na moda. Hoje, por exemplo, já se sabe quais serão as cores fortes para o inverno de 2003 e 2004. No entanto, apesar do leque de cores ser enorme, a tendência pode se tornar outra.

Acho que tem coisas que não andam juntas, mas não gosto muito de regra. De repente você fala para as pessoas que não se está usando sapato vermelho, e o Saint Laurent, o Lagerfeld colocam modelos na passarela desfilando de sapato vermelho. Todo mundo sai usando e você fica...Não dá para ter regra. Agora, existem combinações que, se agridem os olhos, é porque apresentam algo errado. Isso se a pessoa não sabe levar também, porque muita gente mistura um jeans com um blazer chiquérrimo, pérolas e fica lindo.

Eles sempre tiveram muito estilo para se vestir, são milhões de anos de história. No museu da moda de lá, encontram-se peças antiquíssimas, únicas. Não podemos nos comparar a eles, o americano não tem tanta tradição. Os franceses são chiques desde os primórdios da história.

Eu gosto muito da Gucci, Dolce & Gabbana, Chanel e Prada, além da Daslu, é claro! Eu acho que, cada uma com seu estilo, elas conseguem, juntas, representar o que é a moda no mundo inteiro. Todo mundo copia essas quatro grifes.

O profissional precisa sentir o que as pessoas estão querendo comprar. Você não pode agredi-las com a sua moda. A moda é uma manifestação de arte até certo ponto. Ela é comercial, existe porque as pessoas vão comprar. Se você quer fazer alguma manifestação do que tem para oferecer sem se incomodar com o que o outro quer comprar, então é melhor pintar quadro, fazer outras coisas. Quem trabalha com moda deve se propor a fazer roupas que se encaixem no tipo de vida que as pessoas levam. Não adianta você ser retrô e querer que elas se vistam com um tubinho dos anos 60. Antigamente as mulheres sentavam com cuidado, não trabalhavam como hoje, e a roupa não pode amassar. Assim, é importante inventar coisas que sejam práticas, você tem de se adaptar ao que a pessoa está querendo.