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Antônio Fagundes
antonio fagundes g
Como você está se sentindo com o sucesso de "Deus é Brasileiro", que já foi visto por mais de um milhão de pessoas?
A gente esperava um sucesso assim, porque o filme é muito carinhoso com o Brasil, com o povo brasileiro, e muito otimista; entrou em um momento em que o Brasil está com esse otimismo no ar... Eu sinto uma identificação muito grande do público com o filme e isso faltava para o nosso cinema, quer dizer, essa idéia de um cinema que fale mais diretamente com as pessoas. Estamos vendo uma série de filmes nessa linha agora, como "Cidade de Deus", "Deus é Brasileiro", "Carandiru", "Bicho de Sete Cabeças", "Abril Despedaçado"- todos filmes bons, bem feitos e que se comunicam diretamente com o povo brasileiro. Talvez esse seja um bom caminho a ser seguido.
E como Deus, você tem alguma frase que gostaria de acrescentar ao seu personagem?
Eu acho que o filme tem momentos muito bonitos, mas o que o define é que "os homens aprenderam com Deus a criar, e Deus aprendeu com os homens a amar". O Cacá Diegues teve uma sensibilidade peculiar ao não fazer um Deus religioso, nem um Deus histórico, mas um Deus personagem literário, com uma visão muito específica, já que o fez para o Brasil. E isso afastou possíveis preconceitos que poderiam surgir, como alguém dizer "Ah, não, Deus não é assim". O nosso Deus é assim e foi aceito por todos, independentemente da crença.
Como você enfrentou o calor durante as filmagens?
Cada vez que acabava um take corriam com cinco, seis ventiladores para cima de mim. Tinha que tirar a camisa, e como eu uso o mesmo figurino durante todo o filme, era preciso ter 8, 10 camisas iguais, e o mesmo número de calças iguais. Também tinham que ficar me enxugando e era muito engraçado, porque as pessoas que estavam de fora vendo achavam que era veadagem minha, mas não era não, era só porque Deus devia ficar sequinho! Eu sofri muito com isso, pois normalmente eu transpiro muito, e isso quando acontecia era um problema, significava atrasar a filmagem, trocar de roupa, secar o cabelo...foi a única parte chatinha da filmagem, no mais, foi muito divertido, acho que tinha tudo para ser o sucesso que é mesmo.
Qual é a pergunta mais comum que te fazem em entrevistas?
Normalmente, a pergunta mais comum que me fazem é sobre vida pessoal, até porque eu evito falar disso. Sempre surge alguma coisa sobre o assunto, por isso repetem muito essas perguntas, porque eu nunca respondo.
Como você se mantém em evidência na mídia com uma imagem positiva durante todo esse tempo? Você programa se vai fazer teatro, televisão ou cinema?
Eu trabalho muito em diversas áreas, então eu faço tudo junto. Por exemplo, agora estou fazendo só teatro, mas estou com dois projetos para 2003. Então, de repente, você vai ver um monte de coisa minha, aí vira e pensa: "nossa, quanta coisa!". No entanto, um projeto é o filme "Deus é brasileiro". O outro projeto já vem de dois anos com a promoção, que é o "Carga Pesada", vai estrear em breve. Então acabo estando presente na televisão, no teatro e no cinema quase que simultaneamente. Por estar fazendo coisas em várias áreas, isso acaba chamando atenção, claro.
Seus planos de trabalho são feitos a curto, longo prazo, ou simplesmente vão surgindo?
Nunca dá para fazer a curto prazo, até porque esses projetos levam um certo tempo para se organizar. Por exemplo, o "Carga Pesada" é uma coisa que nós já estamos há três anos tentando organizar, e tem que passar por pesquisas do departamento comercial da Globo, reunir a equipe de autores, aí uma coisa dá certo, outra não, precisa ver a disponibilidade da gente, aí eu estou fazendo uma novela e naquele período não dá para fazer...e isso leva anos. Então não é uma coisa que digo: "vamos fazer". Tudo vai acontecendo aos poucos. De repente, detona. A peça "Sete Minutos", por exemplo, eu escrevi em 2000. A escritura foi rápida, coisa de dois, três meses, mas no fundo levei trinta e seis anos para escrever, porque é a minha vida, então acabou que não foi uma coisa rápida, né?
Você tem uma rotina diária de trabalho?
Essa nossa vida não é rotineira, né? Não tem horário certo. A única coisa que tem horário certo é o teatro.
Você já foi notícia na primeira página do Estadão como unanimidade nacional no gosto feminino, como você lida com isso?
É mesmo, é? Mas que falta de assunto deste jornal... Quanto ao gosto feminino, isso é uma coisa que está fora da gente. Eu acho até que aqueles que perseguem isso não conseguem facilmente, porque é exterior mesmo.
Existe algum lugar que é o seu sonho de consumo, para onde você gostaria de ir?
Eu gosto muito de viajar, então tenho muitos, porque o mundo é muito grande. O meu próximo será a região ali da China, Índia, Japão. Já passei por lá um pouco, mas gostaria de ir com mais calma.
Você tem alguma crença, religião ou algum ritual antes de entrar em cena?
Eu acho que tenho todas, então não tenho nenhuma, porque dizem que quem tem todas não tem nenhuma. Ritual antes de entrar em cena não, nenhum. Ah, gosto de ficar ouvindo o público.
Você se lembra de falas de personagens, textos? Como funciona isso?
Durante um período ainda fica lá no arquivo, mas depois dou uma deletada. Depois eu deleto até nome de personagem, dificilmente lembro! Mas em um período, de uns dez dias mais ou menos, se quiserem refazer uma cena tá lá, no arquivo.
Por que você, declaradamente petista não apareceu na campanha?
Apóio o PT, gosto, acompanho, mas não tenho carteirinha, acho até que é uma forma boa da gente ter liberdade. Eu não sou partidário. Eu acho que o PT é o único partido político brasileiro que merece respeito, sério, transparente, tem uma ética que me comove; mas não tenho carteirinha, e isso me permite até discordar em alguns momentos. De uns anos para cá, tenho repensado muito essa coisa de participação, do ator particularmente, em campanhas. Acho que a mobilização vai existir se eu declarar o meu voto, e eu declaro sempre, mas acho que assumir a cara do partido é delicado, até porque às vezes você assume, mas não tem a oportunidade de refazer alguma coisa. A Regina Duarte se encontrou envolvida em um problema porque ela assumiu a cara do partido e, posteriormente, ela não teve o mesmo espaço para se colocar. E eu tenho certeza que ela teria uma série de outras colocações para fazer, ou reforçando o que ela disse , ou contra algumas coisas. Então é delicado esse tipo de envolvimento por parte do ator, a não ser que ele queira seguir uma carreira política. Não é o meu caso.
Se você fosse dono de um canal de televisão, qual seria o seu foco?
Eu gostaria de ver coisas mais aprofundadas na televisão, como a teledramaturgia. Acho que, atualmente, é através dela que a gente está realmente discutindo problemas sérios do nosso país. Também penso que existem outros segmentos capazes de suprir essa lacuna de total entretenimento, como informações culturais, sem deixar de divertir. Eu faria mais teleteatro, mais documentários sobre história, geografia, literatura, pintura, enfim, arte em geral. Há tantas coisas bonitas para se mostrar, e tenho certeza que teríamos um público muito grande para isso. Tudo isso, claro, feito com a intenção de divertir, porque quando se fala em cultura, sempre se pensa que é uma coisa chata, não...não é verdade, acho que é possível aproximar as pessoas de qualquer idéia que as permita crescer um pouco e se modificar. A nossa televisão é pouco modificadora. Se eu pudesse, faria na TV programas assim, capazes de modificar.
Você prefere drama ou comédia?
Faço de tudo, não tenho preferências, até porque acho que eu transito bem nos dois gêneros; mas a comédia é mais atrativa, talvez porque acho mais difícil de se fazer. Existe um preconceito muito grande contra a comédia desde a época de Aristófanes, que era considerado um autor menor por escrevê-la. No entanto, é muito mais difícil você fazer uma pessoa pensar através do riso do que pensar simplesmente. O riso é um adicional extraordinário.
O que você não fez na sua carreira que gostaria de ter feito?
Rádio, por exemplo, é algo que eu gostaria muito, sempre me emocionou. Na verdade, o rádio é o meio de comunicação ideal para um país com dimensões continentais como o Brasil. Você pode levar aquele aparelhinho para qualquer lugar e se comunicar. Além disso, você exercita a imaginação das pessoas, acho bastante estimulante.
Do que você gosta?
Eu gosto de boa música, bom teatro, bom cinema, boa literatura. É possível transitar em todos os gêneros porque cada um tem coisas boas e ruins. Não dá para você comparar, por exemplo, um livro best-seller com a história da Grécia. Não tem como, são gêneros diferentes, que vão te atingir de formas diferentes. Agora um não exclui o outro, você pode gostar de tudo um pouco. Em matéria de leitura, não tenho preconceito.
O que fez de você um leitor contumaz?
Quando moleque lia gibi. Depois , com o tempo a necessidade de ler foi aumentando, aí adorava ler ficção, terror. Hoje sou totalmente eclético, leio tudo que é bom, gosto de saber nada de quase tudo. Na verdade gosto de bons livros. Tenho sempre comigo de um a dois livros. Leio a qualquer hora.
Quais os livros que mais o marcaram?
Muitos. Vamos lá: Crime e Castigo, Dostoievski - Os Sermões do Padre Antônio Vieira -Cem anos de solidão, Gabriel Garcia Márquez - Subterrâneos da liberdade, Jorge Amado - Fragmentos de um discurso amoroso, Roland Barthes - Coma, Robin Cook - Carta ao pai, Kafka - O matador, Patrícia Mello - Fédon, Platão - Quase memória, Carlos Heitor Cony - O coração das trevas, Josefh Conrad etc.
Você tem algum critério na escolha da sua leitura?
Gosto de seguir uma linha. Por exemplo, se compro um livro do James Elroy - citando um policial - e gosto, vou à livraria e compro tudo que tem deste autor, esgoto a obra. Gosto de ter a obra dos escritores na cabeça. Claro que às vezes você não consegue ler um autor de enfiada, tem que refletir um pouco mais. Aí então mudo e talvez leve uns 20 anos para voltar a esse autor.
Você acha que a leitura ajudou a sua facilidade de interpretação?
Um livro tem vida, basta você olhar a lombada dele e, imediatamente é remetido aquele universo inteiro. É claro que devo ter usado muito do que li. Shakespeare escreveu 37 peças, e eu li todas. Platão tem 27 obras e eu também li todas, então é claro que isso se reflete em mim. Essa intimidade com a livros só facilita meu trabalho.
Qual é o seu conselho para quem está começando?
Eu acho que conselho a gente não deve dar, mas o ideal para a pessoa que está começando é que primeiro ela saiba de fato por que ela está começando. A gente vê muitos perseguindo a carreira de ator, modelo, apresentador, por outras razões que não a própria carreira (dinheiro, fama, projeção)... e isso trará uma profunda infelicidade mais tarde. De repente, essas coisas acabam, e não são tão importantes quanto o prazer que a profissão pode dar. E se você tiver prazer na sua profissão, vai estudar muito, a sua vida inteira, vai aumentar seu talento, seu conhecimento, o prazer de quem está vendo. Talvez você até ganhe dinheiro e fique famoso, mas aí será uma conseqüência.
Qual é a sua dúvida cruel?
Por que quando uma pessoa boceja a outra boceja também? ( SE VOCÊ NÃO SABE A RESPOSTA, CONFIRA NO PRIMEIRO LIVRO OH! DÚVIDA CRUEL!!!)
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